terça-feira, 17 de março de 2009

Idade está para maturidade?


Um dia alguém me disse “Cresça e apareça menino”. Cá estou eu, crescido e aparecendo.

Semanalmente diversas novas edições de diversas revistas são distribuídas às bancas. Há uma infinidade delas, e a cada dia, parece, surge uma nova. Creio eu que daqui a pouco vão começar a colocar carrinhos de compra nas bancas e livrarias. Revistas religiosas, revistas rurais, revistas comerciais (Veja é um ótimo exemplo), revistas de assuntos gerais, revistas sobre o mercado financeiro, revistas infantis, religiosas, sobre academia, revistas lunáticas, enfáticas, chatas, e por fim(?), as revistas sobre nós, adolescentes.
Quando, na época da ditadura, os militares passaram uma imagem negativa dos artistas, esses foram às ruas em movimentos. Quando a igreja acusou todas as mulheres pagãs de serem bruxas, essas saíram em sua defesa (apesar de terem sido queimadas como tal). Seguindo essa doutrina, ou pensamento, penso que nós, seres adolescentes, devemos sair em protesto (ainda que virtual) contra as tais revistas sobre adolescentes.
O universo adolescente sempre foi ironizado, tratado com desprezo. Há sim a necessidade de uma mídia voltada para este público, e que relate este público, mas que os trate com seriedade, e não como uma brincadeira, uma fórmula do sucesso. Um bom nome para uma revista dessas poderia ser: “Futilidades e Afins”. Sem ao menos ler nenhuma revista que saiu esta semana, até por que a maioria é estritamente feminina, posso afirmar que está lá a matéria, em alguma delas: “Como conquistar aquele gatinho”, “Como deixar seu beijo melhor”, “Cansou de balada? Veja as dicas de como cair na night!”, “Ta difícil? Tente esta nova dieta desenvolvida pelos cientistas da NASA”, “Faça sua mesada render mais” dentre outras inúmeras matérias fúteis, sem conteúdo, que revelam um adolescente despreocupado com a vida, que não leva nada a sério.
Vejamos. Posso dizer com toda certeza que internet é coisa séria. Ô se é. Quem são os maiores conhecedores, e desenvolvedores de Web, dentro da internet? Os fúteis adolescentes (ainda que restrito aos nerds). Quem são os maiores blogueiros do país? Adolescentes. Quando nasce os talentos? Na adolescência. Quem ganha dinheiro com a internet? Os adolescentes. Ora, ser adolescente é também coisa séria, ao que parece.
Além das baladas, acima de “ficantes”, e por cima dos verdadeiros adolescentes fúteis e sem conteúdo (e que mancham a todos nós) há os adolescentes que esperam mais da vida. Que tem de fato uma perspectiva de futuro, que esperam mais do que uma simples noitada e um salário mínimo.
É claro que a maioria dos bandidos do país, é adolescente. É claro que quase todos os hackers são adolescentes. Os maiores usuários de drogas, somos nós (eu não). Mas é por falta de oportunidade. Falta de orientação. A droga é produto do ócio, que gera a futilidade. Se os adolescentes têm a capacidade de serem bandidos talentosos, traficantes poderosos e se têm a inteligência suficiente para serem hackers, só falta algo, ou alguém (ou alguéns) que canalize isso para algo produtivo.
Eu sou adolescente. Não sou diferente de nenhum outro só por que gosto de escrever, de redigir textos sobre temas polêmicos, por ler Machado de Assis ou por escutar Elis Regina. Sou apenas normal, e tive a oportunidade de que algo ou alguém me canalizasse. Está aparecendo (porque já cresceu) uma geração mais culta de fato, que gosta de se informar, que busca questionar e corre atrás de oportunidades. Uma geração que não fica parada, a não ser na frente de um computador.